Maestro Roberto Farias: 40 anos dedicados à música

O cubatense, que já era maestro aos 15 anos de idade, será homenageado pela Banda Sinfônica Jovem do Estado em Concerto no próximo fim de semana


Um dos grandes nomes da música em Cubatão faz 40 anos de carreira e será honrado à altura: o maestro Roberto Farias será homenageado pela Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo durante concerto no próximo sábado (16/5) às 19h no Memorial da América Latina, em São Paulo. A iniciativa foi da maestrina Mônica Giardini, titular da Banda Jovem e um dos grandes frutos da trajetória de Roberto como professor de regência.

O concerto, intitulado “Le Banquet Céleste” – Um Encontro com Messiaen, Stravinsky, Schöenberg e Hindemith, reflete o universo sonoro pelo qual o maestro ganhou notoriedade internacional, por sua dedicação ao estudo e difusão do repertório do século XX composto para bandas sinfônicas. O programa é considerado um grande desafio para jovens músicos por conter obras de compositores importantes para a música clássica mundial.
Maestro aos 15 anos de idade – Roberto Farias poderia ter sido engenheiro ou arquiteto se prevalecesse o conceito ditado à época de sua infância e adolescência. Mas o dom musical que aos 7 anos já demonstrava, mudou completamente a visão daqueles que ainda não o apoiavam na carreira artística. Músico de tradição evangélica – seu pai era pastor, amante das letras e músico autodidata – teve a formação musical através de professores particulares, e durante a escola primária ganhava destaque tocando hinos patrióticos e canções escolares ao trompete. Aos 11 anos fez seu primeiro arranjo musical.

Em 1970 ele tomou a iniciativa de formar uma banda musical no Colégio Afonso Schmidt, em Cubatão, onde estudava. A motivação veio após notar que a escola possuía um instrumental completo para formação de uma banda, faltando apenas alguém para conduzir o projeto. No dia 4 de abril daquele ano, acontecia, então, a estréia de Roberto Farias como maestro da Banda Musical Afonso Schmidt. Roberto Farias tinha apenas 15 anos de idade. Este grupo foi, posteriormente, oficializado como Banda Musical de Cubatão, dando origem à atual Banda Sinfônica de Cubatão.
Durante os primeiros ano

s da carreira, Farias já produzia o próprio repertório, transcrevendo arranjos completos e obras originais, em uma época em que não existiam arranjos para banda disponíveis no mercado. Da sua sólida formação como regente inspirou-se em nomes como Paul Bernard, Williams Nichols, Gerard Devos, Fábio Mechet e o célebre Eleazar de Carvalho. Vencedor de um grande número de concursos e campeonatos de bandas em nível regional, estadual e nacional, Roberto Farias foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento da linguagem sinfônica no Brasil, a partir do momento que se vê envolvido com o projeto de profissionalização da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, da qual foi o diretor artístico e regente entre 1989 e 2000.


Do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão ao Curso Internacional de Verão do Brasil, o maestro Roberto Farias já passou pelos mais importantes festivais de música do país como professor de regência e prática de sinfônica. Por mais de 20 anos lecionou na Universidade Livre de Música Tom Jobim, hoje a Emesp - Escola de Música do Estado de São Paulo. Já foi regente convidado de várias orquestras brasileiras, acumulando, também, atuações no exterior como na Banda Sinfônica da Universidade da Pensilvânia, da Academia da Força Aérea Norte-americana, de Montevideu e da Província de Córdoba, na Argentina, de quem é o seu atual diretor artístico.

Um regente que também compõe – Roberto Farias criou obras-primas como “Cubatão 2001 - Fantasia Sinfônica” e “Abertura Exótica”, já executada em vários países e publicada nos Estados Unidos. Mas o maestro prefere ser conhecido como um regente que também compõe: “O exercício de composição é um ingrediente imprescindível à compreensão de qualquer obra musical. É assim que vejo a música: do ponto de vista do compositor, do regente e do instrumentista. Num conceito mais sublime, é a possibilidade de um permanente diálogo com a criação musical”, afirma Roberto Farias.
Além disso, vários compositores contemporâneos têm dedicado obras a Farias, um dos mais destacados especialistas na literatura para sopros e percussão da América Latina. Dedicatórias assinadas por nomes como Alfred Reed, Mário Ficarelli, Almeida Prado, Fernando Morais, Edmundo Villani-Côrtes, entre outros. O maestro é, ainda, membro da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – e foi o primeiro brasileiro a integrar o Conselho Diretor da Associação Mundial das Bandas Sinfônicas.

De volta onde tudo começou - Diretor de orquestra, regente coral e instrumentista Roberto Farias atualmente é o Coordenador Técnico dos Grupos Artísticos Oficiais de Cubatão. Está à frente da Banda Sinfônica e Cia de Dança de Cubatão, Banda Marcial e Linha de Frente, Grupo Rinascita de Música Antiga, Coral Zanzalá e Coral Raízes da Serra. Para ele, é uma grande responsabilidade e prazer comandar mais de 400 artistas, entre regentes, músicos, bailarinos e cantores, que fazem arte com paixão, tornando cada vez mais evidente a vocação artística de Cubatão, cidade que em que tudo teve início.




Fonte: Informa Cubatão
Texto: Morgana Monteiro
Fotos: Dílson Silva Mato Grosso