NOTAS DE PROGRAMA – Concerto da Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí - 2009

Abertura Exótica, de Roberto Farias (1954) foi composta em 1995 e é dedicada ao compositor argentino Vicente Moncho. A estréia da versão original ocorreu durante o Festival de Música Nova de Santos (SP), na interpretação da Banda Sinfônica de Cubatão, sob a regência do autor. A versão apresentada neste concerto é resultado de uma criteriosa revisão do compositor, levada a publico em 13 de outubro de 2006 pela Banda Sinfônica da Cidade de Buenos Aires, sob sua direção. A obra é uma tentativa de expressar, por meio do organismo de sopros e percussão, a síntese de uma idéia musical elaborada a partir de um pensamento filosófico sobre a constante busca do homem por sua auto superação. A partitura está publicada nos Estados Unidos pela Brazilian Music Publications e há notícias de que seja apresentada durante este ano de 2009 em pelo menos cinco países (Uruguay, Venezuela, Equador, Itália e Estados Unidos).

Suíte Guanabara, do compositor paulista Osvaldo Lacerda (1927) é uma obra composta em 1965 em homenagem ao 4º centenário de fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, gravada em 1968 pela Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, sob a direção do capitão-maestro Otonio Benvenuto da Silva. Em cinco movimentos, a obra retrata gêneros da cultura musical brasileira como Dobrado, Modinha, Valsa, Invocação e Marcha de Rancho, numa abordagem de rica elaboração sinfônica. A versão apresentada neste concerto é uma revisão de 1988 realizada pelo compositor atendendo a um pedido do maestro Roberto Farias.

...de Tango, do compositor argentino Vicente Moncho (1939), é uma obra de 1977 escrita originalmente para uma formação de câmara (flauta, clarineta, violino, viola, violoncelo, contrabaixo, piano e percussão). A versão para orquestra de sopros e percussão data de 1994 é dedicada a Frank Battisti, um dos mais importantes regentes norte-americanos do repertório para sopros e percussão. Dividida em três grandes seções, a obra tem o seu motivo inicial baseado em “La Cumparsita”, um dos tangos mais populares da Argentina e se desenvolve dentro do estilo do do tango tradicional, porém fazendo uso da linguagem própria da música contemporânea. Grande destaque da 8ª Conferência Mundial de Bandas Sinfônicas da WASBE, realizada em 1997, na Áustria, foi publicada pela Kliment de Viena e figura entre as obras selecionadas para o CD representativo da dita Conferência, na interpretação da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro Roberto Farias.


Suíte Francesa, do compositor francês Darius Milhaud (1892-1974) é uma obra escrita originalmente para banda. Segundo o autor, não é uma obra que reúna partes difíceis de tocar tanto melodicamente quanto ritmicamente, mas sim a possibilidade de explorar uma grande variedade de recursos dos instrumentos de sopro e percussão. A obra é a concretização do desejo do compositor em escrever uma peça que atendesse os objetivos propostos para uma banda escolar, levando em conta que nas bandas, orquestras e coros das escolas americanas, é óbvio que a juventude deveria tocar a música do seu tempo e que não fosse demasiado difícil para executar, mas, era importante manter o idioma característico de cada compositor.
As cinco partes da Suíte levam nomes de Províncias Francesas, as mesmas em que os exércitos americanos e aliados lutaram conjuntamente pela libertação da França: Normandia, Bretanha Francesa, Ile-de-France (da qual Paris é o centro), Alsália-Lorena e Provence. Foram usadas melodias dos habitantes dessas províncias, na tentativa de que os jovens americanos pudessem ouvir a músicas populares daquelas regiões da França, onde seus pais e irmãos lutaram para derrotar os invasores alemães, que em menos de setenta anos trouxeram guerra, destruição, crueldade, tortura e assassinato, três vezes, à gente pacífica e democrática da França.